A Idade Média foi o Período das Trevas, da escuridão:
Renascentistas cunharam, Iluministas adotaram.
Nascia ali uma torpe, mentirosa e vil afirmação,
propagada até hoje pelos tolos que nisto acreditaram.
A Igreja Católica freou todos os avanços na Idade Média:
Protestantes cravaram, Iluministas e ateus acreditaram.
Entretanto, nenhum deles é capaz de provar em suas enciclopédias
as mentiras, calúnias e farsas que, à revelia, lançam e lançaram.
Teriam eles aprendido ou acreditado em uma história diferente?
Seriam eles apenas replicadores de conspirações iluministas?
Ora, meus caros mitomaníacos, não é preciso ser muito inteligente
para demonstrar o quanto são falaciosos seus argumentos vigaristas.
Somente os preguiçosos mentais acreditam nesta grande besteira,
afinal, não é preciso ser sábio, gênio, polímata ou historiador
para comprovar que o mito da Idade das Trevas não passa de asneira.
e que só os ignorantes e mentirosos contemplam tal mentira com ardor.
Pior são aqueles que endeusam o Iluminismo ou outra corrente similar,
como se estas fossem os maiores atestados de uma mentalidade sã,
outros chegam ao cúmulo de, sua importância, querer equiparar
com Direito romano, Filosofia grega e Moral judaico-cristã.
Obviamente o Período Iluminista deixou algum positivo legado,
seria até desonesto afirmar que isso é uma mentira.
Mas, mentira maior e que muitos têm acreditado e até divulgado
é afirmar que durante a Idade Média o avanço diminuíra.
Não é preciso pedir provas a eles de suas mentiras conspiratórias,
nem é necessário debater para provar que estão enganados,
simplesmente convide-os para estudar a verdadeira história
e, se forem um pouco inteligentes, admitirão o quanto estão errados.
Felizmente, graças ao trabalho de alguns poucos historiadores,
como Jacques Le Goff, Regine Pernoud - que não sombreavam a verdade,
caem os mitos, caem as farsas, são desmascarados os impostores
e a Idade das Trevas vai desaparecendo à luz de uma nova realidade.
As invenções dos tais humanistas do Período do Renascimento
ganharam vida nas alcunhas de seu vasto e seletivo leque:
protestantes, iluministas, ateus e toda espécie de movimento
que tenham como intenção colocar a Igreja Católica em xeque.
Desonestamente, citam, coléricos, Cruzadas e Inquisições,
simplesmente espalhando notícias sem checar se são reais.
Reproduzem as mentiras, falácias, farsas e conspirações
movidos, sobretudo, pela rejeição e pelo ódio anticlericais.
Mais desonestamente ainda, fecham os olhos para as consequências
que muitas ideias iluministas e secularistas acarretaram no campo moral.
Quantas revoluções, quantas guerras, quantas mortes e quanta violência
não foram consumadas após a adoção desta suposta cosmovisão racional?
Sim, sabemos perfeitamente sobre os erros atribuídos à Santa Igreja,
afinal, tanto protestantes, quanto ateus não nos deixam esquecer.
Mas, assumir seus erros, culpas, crimes e mortes, ora veja,
é coisa que não vemos nenhum pró-iluminista ou ateu fazer!
Sempre procurando se esquivar daquilo que a história atesta,
os lunáticos inventam argumentos e tentam enganar a si próprios.
Todavia, abraçados a mitos e mentiras sobre a tal Idade das Trevas
nem parecem céticos dada à parcialidade de seus 'iluminados' olhos.
Os mitos da Idade Média e da Igreja continuarão a existir,
pois sempre existirão pessoas de má fé e as que se apegam às tolices.
Porém, não há nada neste mundo que seja capaz de extinguir
a força da verdade, destruidora de toda e qualquer charlatanice.
Se a Idade Média resume-se a um período de trevas e obscurantismo,
e se a Igreja Católica freou radicalmente o avanço e o progresso,
como explicar as grandes invenções e o crescimento científico
estimuladas justamente pela Igreja neste período pregresso?
As primeiras universidades surgiram no período medieval,
e foram difundidas a mando da Igreja Católica Romana.
Não seria, portanto, uma afirmação, no mínimo, irracional
acusar a Igreja com tantas conspirações e mentiras insanas?
Talheres, roupas íntimas, pólvora, armas de fogo, astrolábio,
desenvolvimento de técnicas de agricultura e navegação;
tantos gênios, pensadores, astrônomos, matemáticos e sábios
tornam o termo 'Idade das Trevas' uma obsoleta e obtusa contradição.
A menos que mudem o significado das palavras trevas e escuridão
ou que apaguem todos os tantos antigos registros históricos,
a sua mentirosa campanha de calúnia, injúria e difamação
só vai convencer os que se deixam enganar por qualquer falsa retórica.
Se os iluministas que tanto se proclamaram os donos da razão
despertassem hoje e vissem o que parte de suas ideias causaram,
certamente os mesmos teriam repúdio, asco, rejeição e aversão
aos conceitos sociais e morais que do Iluminismo resultaram.
Renato J. Oliveira 07 de junho de 2017
"O ódio fanático pela religião e pelas tradições filosóficas
clássicas do ocidente se coadunam perfeitamente com o culto
imbecilizante da classe acadêmica, científica ou burocrática. Na
verdade, esses grupos foram elevados a um novo clero pela sacrossanta
ideologia iluminista. O positivismo filosófico, travestido de
"verdadeira ciência", virou uma nova "revelação divina" de nossos
tempos. Uma "revelação", por assim dizer, idiotizante, que reduz a
dimensão humana apenas aos caracteres puramente fisiológicos, negando as
qualidades existenciais, espirituais, éticas e morais do ser humano.
Quando se pergunta a um materialista o que é o amor, ele dirá que é
apenas um fenômeno físico e material. Resta saber como o idiota provará
algo que não tocamos, vemos, presenciamos fisicamente, mas apenas
acreditamos sentir ou intuir.
Essa falsa doutrina, que diz libertar o homem da opressão da religião cristã, na prática, acaba por escravizá-lo. Os homenzinhos "iluministas" sonham com uma sociedade controlada pelo Estado, pela burocracia tecnocrática ou inspirada por ideais "científicos". O socialismo e todos os tipos de totalitarismo têm nesta forma de pensar uma grande inspiração."
Essa falsa doutrina, que diz libertar o homem da opressão da religião cristã, na prática, acaba por escravizá-lo. Os homenzinhos "iluministas" sonham com uma sociedade controlada pelo Estado, pela burocracia tecnocrática ou inspirada por ideais "científicos". O socialismo e todos os tipos de totalitarismo têm nesta forma de pensar uma grande inspiração."
O PROGRESSO TÉCNICO NA IDADE MÉDIA
Em geral, os historiadores mostram grande má vontade para com o período medieval: Teria sido uma época de superstição e atraso, estagnação e crueldade. É uma visão certamente preconceituosa, causada pelo ódio à influência exercida naquela época pela Igreja Católica tradicional, de cujo espírito estavam impregnadas, em maior ou menor grau, todas as instituições.
Todavia, a Idade Média foi época de muitos inventos, grandes e pequenos, de cuja origem às vezes não se suspeita. Vejamos, por exemplo, o setor de transportes.
Com o desenvolvimento dos mastros, a junção da vela latina e da vela quadrada, a multiplicação dos remadores nas galeras, o reforço do casco por meio de um esporão robusto, obtiveram-se melhores condições de navegabilidade. (Perroy, 1957 : 177). Contudo, maior progresso alcançou-se no século XIII, ao generalizar-se o leme de cadaste, que veio substituir o pesado remo situado na popa do navio, permitindo uma direção mais segura de embarcações muito maiores. (Wolff, 1988: 146; Heers, 1968 : 255). “Devido à pressão exercida pela vela de proa sobre o leme, tornou-se necessário um certo contrapeso mais a ré. Isso levou ao acréscimo de um terceiro mastro na popa conhecido como mastro de mezena. A primeira ilustração datada de uma carraca de três mastros é de 1466. No final da Idade Média algumas dessas embarcações tinham 60 metros de comprimento com uma boca de 15 metros e uma capacidade de cerca de 1.400 toneladas.” (Hodgett, 1975 : 131) A invenção do leme (desconhecido na civilização greco-romana) e da bússola provocaram o ciclo das descobertas dos séculos XV e XVI. (Fonseca, 1958 : 273-274). É quando aparecem as primeiras cartas marítimas (Giordani, 1993 : 324), invenções que, associadas ao astrolábio, permitiram a navegação em alto-mar. (Vianna, 1962 : 620). Atribui-se ao Papa Silvestre II a invenção, ou talvez a introdução, a partir do mundo islâmico, do astrolábio “para medir a altura dos astros sobre o horizonte, da esfera sólida destinada a estudar os movimentos ce-lestes e do primeiro relógio mecânico acionado por pesos. As conseqüências foram incalculáveis.” (Puiggrós, 1965 : 173). O astrolábio, de início ainda rudimentar, aperfeiçoou-se pouco a pouco: Presença dos azimutes, aparecimento do ostensor, exatidão na graduação da eclíptica. (Beaujouan, 1959 : 130). Em 1434, surge a caravela em Valença. (Wolff, 1988 : 237). Nos Países Baixos, apareceu a eclusa; constituída por uma câmara com portas em cada extremidade, possibilitava a passagem da embarcação de um nível de água para outro. Canais e eclusas surgiram em Flandres e na Holanda já no século XII. (Hodgett, 1975 : 132).
No século XI, os europeus começaram a usar ferraduras nos animais; isto lhes aumenta a vida útil e, com a utilização da carreta de quatro rodas, possibilita um distanciamento maior entre a aldeia e os campos. (Silva, 1986 : 47). “Do século X ao século XII, generaliza-se no Ocidente o moderno atrelamento dos animais, a coelheira dura, os tirantes, a disposição em fila e a ferragem com pregos: desde então os cavalos podem tirar com toda a sua força e peso, em vez de erguerem a cabeça, semi-estrangulados, como ‘os altivos corcéis’ da Antiguidade. (...) o jogo dianteiro móvel data do século XIV e permitirá a tração das peças de artilharia recém-inventadas.” (Beujouan, 1959 : 143). A adoção generalizada da coelheira possibilitou o atrelamento aos arados de cavalos em lugar de bois, uma mudança que ocorreu por volta de 1200. Os bois também passaram a ser utilizados com maior eficiência através da invenção da canga frontal, pois esta deu-lhes mais força de tração que a anterior, presa nos chifres. (Hodgett, 1975 : 220). Surge um pequeno objeto, na aparência evidente — mas totalmente desconhecido na Antiguidade: o estribo, graças ao qual o cavaleiro podia empunhar a sua arma com muito mais força e confiança. (Trevor-Roper, 1966: 102-104).
A pavimentação das estradas, mais fácil e mais econômica, substitui com vantagem o lajeamento das vias romanas. O São Gotardo, por tanto tempo intransponível, transformou-se em via de trânsito, através da primeira ponte pênsil de que se tem conhecimento, datada provavelmente do início do século XIII. (Pirenne, 1982 : 39). Por outro lado, o túnel de estrada mais antigo, o do Monte Viso, com de cerca de cem metros, foi construído entre 1478 e 1480, com a finalidade de facilitar o transporte do sal da Provença. (Wolff, 1988 : 144). Foi inventado também esse aparelho extraordinário, o carrinho de mão, que permite a um homem realizar o trabalho de dois. (Fremantle, 1970 : 125; Vianna, 1962 : 621)
Nas cidades, a calçada destinada aos pedestres introduziu-se a partir de 1185 em Paris, 1235, em Florença, 1310, em Lübeck. (Mumford, 1965 : 401). As ruas largas não eram necessárias, “pois havia pouco tráfego sobre rodas, e nenhum exigia trânsito rápido.” (Hodgett, 1975 : 71). São também criações medievais a chaminé doméstica, a vela e o círio. (Vianna, 1962 : 621)
A partir do século X, os cursos d’água são regulados, cortados por desvios, barragens e quedas destinadas a movimentar moinhos de cereais e lagares. A roda d’água era tão utilizada que na Inglaterra de Guilherme o Conquistador (século XI) contavam-se cinco mil. Foi usada em toda a parte, para bombear água, serrar madeira, pulverizar o pigmento das tintas e o malte da cerveja, acionar máquinas, triturar minérios, forjar ferro, espichar arames... Com ela, a escavação das minas ultrapassou em muito os 800 metros de profundidade. (Puiggrós, 1965 : 179; Hodgett, 1975: 28). Aprimoraram-se as engrenagens e outros dispositivos mecânicos. Surge o fole com placas e válvulas. “No fim da Idade Média, o alto-forno possibilitou a fabricação do ferro fundido. Essa foi a invenção mais importante da indústria metalúrgica. O bronze, uma liga de cobre e estanho, com um ponto de fusão mais baixo que o ferro, era fundido desde os começos do século XII e utilizado na fabricação de sinos e estátuas.” (Hodgett, 1975 : 189). “A fabricação de um sino exigia técnica especial para que o mesmo produzisse um som adequado. O fundidor deveria, antes de iniciar o trabalho, calcular o tamanho do sino e as proporções exatas.” (Giordani, 1993 : 159).
A partir do século XII, explorou-se outra fonte de energia: o vento. Os moinhos de vento são mencionadas em Arles pela primeira vez entre 1162 e 1180. (Hodgett, 1975 : 222). No século XIII, já se comprova a existência de moinhos de maré na foz do Adour, perto de Bayonne. (Giordani, 1993 : 158).
O primeiro poço artesiano conhecido foi perfurado em 1126. Entre as inovações medievais, aparecem também a sericultura (introduzida na Sicília por volta de 1130), a falcoaria, o arenque defumado e a “champanhização” do vinho branco. (Beaujouan, 1959 : 144).
Na indústria doméstica, a roca substitui o fuso para enrolar a estriga. E a partir de 1280, “a roda de fiar ( provavelmente uma das grandes invenções da indústria têxtil) compete com a roca e o fuso, os quais possibilitaram às mulheres trabalhar enquanto supervisionavam outras atividades. No século XIV, o linho é pela primeira vez empregado na confecção de roupas brancas, em oposição aos grosseiros panos de lã até então usados, o que acarreta uma melhoria na higiene e o retrocesso da lepra; fornece também matéria-prima barata para a indústria papeleira trazida da China no século XIII. (Beaujouan, 1959 : 144; Hodgett, 1975 :161). A introdução do tear horizontal de pedal provavelmente triplicou a produtividade dos lanifícios. (Anderson, 1982 : 215). Em fins do século XII, surge um invento no processo de tecelagem da lã: O pisão, que substituiu a pisagem de pés humanos pela batida de martelo sobre o tecido. Um tambor giratório, preso ao eixo de uma roda d’água, acionava os martelos. Outra invenção foi a máquina cardadora, constituída por um conjunto de rolos com cardas, movimentado também pela força hidráulica. (Hodgett, 1975 : 160, 177). O moinho mecânico de dobar a seda parece ter surgido na Itália no fim do século XIII. (Wolff, 1988 : 100). Além disso, foram inventados o botão e a camisa.
O álcool aparece em Salerno por volta de 1110 e sua fabricação melhora rapidamente, com o emprego de desidratantes, como o carbonato de potassa. Além disso, a técnica da destilação aperfeiçoa-se, empregando-se o alambique clássico cujo escoadouro tubular, em forma de serpentina, mergulha numa cuba para a circulação da água. (Beaujouan, 1959 : 144-145). Em Toulouse, fabrica-se aguardente no começo do século XV, “o último grande século do comércio de vinho. Concorrentes vão aparecer e desenvolver-se: em primeiro lugar a cerveja, que se aprende a fabricar melhor na Alemanha no século XIV, com a utilização do lúpulo.” (Wolff, 1988 : 89).
Alberto Magno (1183-1280) conseguiu preparar a potassa cáustica. Foi o primeiro a descrever a composição química do cinabre, do alvaiade e do mínio. Raimundo Lúlio (1235-1315) preparou o bicarbonato de potássio. Teofrasto Paracelso (1493-1541) descreveu o zinco, desconhecido até então. Introduziu igualmente na medicina o uso dos compostos químicos.
Os óculos para corrigir a miopia aparecem por volta de 1285; primeiro, de cristal de rocha, depois de vidro. Nos séculos seguintes, outros artesãos iriam melhorar as lentes, de onde resultariam o telescópio e o microscópio. (Fremantle, 1970 : 149).
Os relógios mecânicos de peso difundem-se no fim do século XIII. No século XV surgem os relógios de areia, ou ampulhetas. (Wihthrow, 1993 : 119)
O estilo gótico, na arquitetura, surge como um progresso essencialmente técnico, que consistia numa diminuição das pressões exercidas pelas abóbadas, as quais podiam elevar-se pelo afilamento das flechas e o equilíbrio dos arcobotantes leves (filhos da ciência dos números, inventados em Paris em 1180 para erguer mais alto a nave de Notre-Dame) e colunas com coruchéus. As abóbadas atingem alturas cada vez maiores: 32 metros em Paris, 37 em Chartres , 42 em Amiens, 48 em Beauvais! Acessoriamente, a abóbada melhorava os valores acústicos dum edifício destinado à execução do canto coral. Por sua vez, o adelgaçamento das paredes fez desabrochar a técnica do vitral, cujo emprego fora até então limitado pela estreiteza das aberturas românicas; os vãos puderam alargar-se, havendo mais espaço para as janelas e, assim, as igrejas tornam-se mais iluminadas. No período que vai de 1170 a 1270 construíram-se na França mais de 500 grandes igrejas góticas. (Fremantle, 1970 : 127; Duby, 1979 : 121, 281; Perroy, 1957 : 166-167) . Aliás, a herança mais duradoura da Idade Média é sua arquitetura. Os castelos são em sua maioria ruínas impressionantes; as catedrais continuam de pé, desafiando os séculos. (Ferguson, 1970 : 220).
No domínio das obras públicas, mencionam-se as pontes com arcos em segmento, as comportas e as dragas. (Beaujouan, 1959 : 145-146)
A contabilidade ganha em clareza com a adoção do método veneziano das duas colunas, frente a frente (crédito e débito); mas sua transformação mais importante consistiu nas partidas dobradas que, provavelmente, surgiram simultaneamente em várias cidades italianas entre 1250 e 1350. Elas não precisarão sofrer, até o fim do século XIX, senão pequenas alterações de detalhe. A letra de câmbio aparece no século XIII. (Wolff : 1988 : 126). Os cambistas examinavam e pesavam as moedas; do “banco” onde eles realizavam essa operação surgiu a instituição bancária, e as variadas práticas financeiras nasceram desse serviço primitivo de câmbio de dinheiro. (Fremantle, 1970 : 74). O seguro marítimo está presente em documentos genoveses desde o século XII. (Pirenne, 1982 : 124).
As feiras, existentes desde o século XI, eram centros de intercâmbio em grande escala , que se esforçavam em reunir o maior número possível de homens e produtos. (Pirenne, 1982 : 102).
Foram fundadas no século XIII, algumas organizações postais privadas. Em 1357, dezessete companhias florentinas fundaram a ‘Scarsella dei Mercanti Fiorentini’ que mantinha, toda semana, um correio comum e nos dois sentidos com Avignon. Foi a primeira companhia postal conhecida, cujos estatutos foram conservados. (Wolff, 1988 : 156).
“Em 1305, para uniformizar as medidas em certos negócios, o rei Eduardo I, da Inglaterra, decretou que fosse considerada como uma polegada a medida de três grãos secos de cevada, colocados lado a lado. Os sapateiros ingleses gostaram da ideia e passaram a fabricar, pela primeira vez na Europa, sapatos em tamanho padrão, baseados no grão de cevada.” (Superinteressante, São Paulo, 2 : 13, fev. 1988).
A obra medieval de Beda contém a primeira investigação científica das marés, envolvendo o mais antigo estudo sobre o intervalo médio entre o momento da maré cheia e o do trânsito anterior do meridiano pela lua. (Whithrow, 1993 : 90).
“A primitiva lavoura utilizava, no Médio Oriente e no Mediterrâneo, o sistema da ‘sulcagem’: um espigão, com a ponta virada para baixo, puxado por uma junta de bois, primeiro numa direção, depois transversalmente, arroteava um lote quadrado de terra. Este método era suficiente para os terrenos leves e secos. Mas, nos solos húmidos e pesados do norte da Europa, esse tipo de arado era inadequado, exceto nos outeiros bem drenados. Por conseguinte, a agricultura foi, a princípio, praticada apenas em zonas muito limitadas. Na Idade Média, começou a generalizar-se, gradualmente, pelo Norte da Europa, um novo tipo de arado. Tratava-se de um arado pesado com lâmina e relha para fender o solo e uma aiveca para voltar os torrões para os lados e abrir um sulco, drenando desse modo o terreno, ao mesmo tempo que o lavrava.” (TrevorRoper, 1966 : 121-122; Heers, 1968 : 121). Começa-se a utilizar a grade; revolvido mais amplamente, melhor arejado, o solo absorve melhor a marga, uma argila que contém carbonato de cálcio e, quando misturada à camada superior do solo, mostra-se um fertilizante valioso. (Perroy, 1957 : 23-24). A irrigação (de pastos e terras de lavoura) começou a ser empregada em larga escala e a Itália provavelmente abriu o caminho. Na Idade Média, outra invenção, o mangual, que substituiu a vara de bater, aperfeiçoa o processo de debulha. (Hodgett, 1975 : 29, 221; Mumford, 1965 : 337).
Nesse período, além das plantas cultivadas nos tempos clássicos, foram aprimorados: A espelta, o centeio, a aveia e o fagópiro. Além do sorgo, outras culturas foram introduzidas na região mediterrânea, pelos gregos ou árabes: Arroz, cana-de-açúcar, algodão e amoreira. (Hodgett, 1975: 30, 225). O pousio trienal e, a partir do século VIII, o sistema de três plantações alternadas, permitem a aclimatação de novas culturas e aumentam acentuadamente a produção agrícola.
Seria o mundo medieval um inferno de misérias? Descobre-se o contrário a partir de um levantamento referente à cidade de Toulouse, onde, em 1322, havia 177 açougueiros, ou seja, um para cada 226 habitantes, “para uma população máxima de 40.000 almas — cerca de duas ou três vezes mais que hoje; e alguns figuravam entre os comerciantes mais ricos da cidade.” (Wolff, 1988 : 82-83). A conserva do arenque no sal foi descoberta em 14l6, por Willem Beeckelz. (Fonseca, 1958 : 314). “Apareceram as boas maneiras, a ‘etiqueta’, a faca passou a ser um componente da mesa, assim como o garfo, que acabou se tornando um utensílio doméstico após a peste negra (1348-1349).” (Villa, 1998 : 10).
“Já em 1159, os primeiros pôlderes, porções de terra tomadas aos alagadiços ou ao mar por meio de diques, foram criados em Flandres.” (Mumford, 1965 : 336). A maior parte dos diques holandeses foi construída entre os anos de 1250 e 1350. Em 1408, aparece o primeiro exemplo conhecido de moinho de vento para bombear a água dos pôlderes.
Depois da manivela — descoberta de importância fundamental — ocorreu a invenção alemã da biela, peça rígida com duas articulações para transformar o movimento rotativo em alternativo. Começaram a utilizar-se ferramentas, como a plaina, e passou-se a usar o carvão como combustível. Diversas invenções, como a cola e o papel, foram transmitidas pela China à Europa. (Whithrow, 1993 : 102, 109). A tinta romana para escrever, feita do negro da fumaça com goma e água, não tinha fixadores; era uma tinta moída; ao passo que a utilizada na Idade Média se fazia por infusão, com goma, pedra-ume e resina de carvalho. (Spina, 1977 : 30-31).
Vê-se, portanto, que a Idade Média, ao contrário do que muitos imaginam, foi extremamente fecunda em avanços técnicos.
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fonte: Lepanto
(http://www.lepanto.com.br/historia/o-progresso-tecnico-na-idade-media/)
"Um dos traços constitutivos da mentalidade revolucionária é a compulsão irresistível de tomar um futuro hipotético – supostamente desejável – como premissa categórica para a explicação do presente e do passado. Nessa perspectiva, a história humana é vista como um trajeto linear – embora entrecortado de abomináveis resistências – em direção ao advento de um estado de coisas no qual o curso total dos acontecimentos encontrará sua consumação e sua razão de ser.
Mais cômica ainda, ou tragicômica, torna-se essa inversão quando, à maneira iluminista, o futuro esperado é descrito como o triunfo da racionalidade científica sobre o obscurantismo das crenças bárbaras. Pois a concepção futurocêntrica da História, virando de cabeça para baixo a hierarquia do necessário e do contingente já traz em seu bojo a destruição completa da lógica, do método científico e de toda possibilidade de compreensão racional da realidade."
(Olavo de Carvalho)
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