Não entendo porque estão me olhando assim;
me ignoram, o que será que fiz de ruim?
Dona Maria nem sequer olhou pra mim,
Seu Expedito, Olegário, nunca vi agirem assim.
Será que fiz um crime ou alguma coisa bizarra?
Uma agressão, talvez um beijo arrancado na marra?
Ninguém me olha, nem me dão chance de perguntar;
quem sabe me dêem respostas quando em casa eu
chegar.
Longo caminho, muitas esquinas, vários quarteirões
e a indiferença parece gritante nos fechados portões.
Caminho pensando em como será a recepção;
será que meus entes queridos também me esperam
com
pedras na mão?
Aperto o passo, quase flutuando, querendo voar;
a tarde é cinzenta, nublada, parada, é denso o ar.
Dobrando outra esquina, vejo minha casa, sinto um
calafrio,
não sei se é culpa, sinto-me tomado por estranho
arrepio.
Vejo muita gente, até se espremendo na porta da
sala,
e vou adentrando, mas ninguém me olha, ninguém me
fala.
Quando enfim eu entro, sinto parar o meu coração,
pois ao centro da sala, eu vejo meu corpo dentro
de um caixão!
Renato J. Oliveira 03 de
março de 2.012
Visita ao Cemitério Municipal (30 de maio de 1.998)
caramba, que viajem! demais
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