Num mundo onde muitas pessoas se entretêm com a
maldade e a perversão, o que levaria uma pessoa a dedicar boa parte de sua vida
às pregações da bondade e do amor, sem nunca pedir nada em troca?
Buscando compreender melhor essa questão, vamos
prestar uma homenagem a uma figura que certamente fez jus ao pseudônimo de
“Gentileza, o profeta do amor”.
Nascido em 11 de abril de 1.917, no município de
Cafelândia, interior de São Paulo, José Datrino, aos 20 anos mudou-se para o
Rio de Janeiro buscando uma vida nova.
Com muita luta e determinação, lá conseguiu formar sua
família e fundou uma empresa de transporte de cargas, tornando-se proprietário
de um razoável patrimônio: uma casa, três terrenos e três caminhões. Até aí
então, era simplesmente o pequeno empresário José Datrino.
Porém, quando tinha 44 anos, no dia 17 de dezembro de
1.961, uma tragédia mudaria radicalmente sua vida e seus conceitos, mesmo ele
próprio não tendo ligação direta com a mesma: um grande incêndio no Gran Circus
Norte-americano, na cidade de Niterói (RJ), onde mais de 300 pessoas morreram. Tomado por grande comoção, Datrino
simplesmente abandonou e deixou tudo.
Passou a usar o nome de Jozzé Agradecido, ou, Gentileza, e saiu buscando
consolar as famílias das vítimas daquele incêndio.
A princípio, Gentileza perambulava em sua peregrinação
nas ruas de Niterói levando palavras de amor e de fé e, mais tarde, já usando
uma túnica branca e tábuas de profeta, começou a perambular também pelo Rio de
Janeiro.
Além de fazer suas pregações, Gentileza distribuía
rosas brancas dizendo: “Gentileza gera gentileza” e sempre era visto em grandes
acontecimentos.
Criou sua própria linguagem (baseada na Santíssima
Trindade), onde algumas letras se repetiam; por exemplo, amor ele escrevia com
três erres: AMORRR, e, justificava que ‘amor material se escreve com um erre,
mas o amor universal com três: um do pai, um do Filho e um do Espírito Santo’.
Usando desta linguagem, Gentileza esculpiu 55 das
pilastras que sustentam o Viaduto do Caju, ao lado da rodoviária, no Rio de
janeiro, sempre com mensagens que falavam de Deus, Amor, natureza...
Após anos e anos de pregação, aos 76 anos, já sentindo
o peso da idade, Gentileza fraturou a perna após uma queda e isso,
inevitavelmente, minimizou sua peregrinação.
Em 1.996 mudou-se para Mirandópolis, cidade próxima à
sua terra natal, onde morreu no dia 29 de maio, aos 79 anos de idade,
deixando-nos a sábia lição de que nada é em vão quando se tem amor e gentileza
no coração.
Texto: Renato J. Oliveira dezembro de 2.000
(Esse texto foi
publicado na edição # 09 do Informativo Mix Cultural, edição de 06 de janeiro
de 2.001)
Em 2.000, a cantora Marisa Monte homenageou o
Profeta Gentileza, na canção "Gentileza", do álbum
Profeta Gentileza, na canção "Gentileza", do álbum
"Memórias, crônicas e declarações de amor".
Veja o clip abaixo:
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