28.4.12

Sofrimento Diário




Hoje, um dia normal e simples como todos; feliz para muitos, trágico para outros. Vejo pessoas dizendo: “Bom dia, como vai?”...
Caminhando sob o sol que ilumina a terra e que mal acaba de nascer, vejo coisas impressionantes, coisas que tiram o meu “Bom dia”...meu sorriso é preenchido por uma lágrima.
Muita gente nem dá importância, mas o mundo parece estar prestes a se acabar.
No meu caminho, um simples percurso, vejo diante de mim a minha liberdade presa e massacrada... Sinto como se estivesse no inferno.

Vejo um mendigo ajoelhado diante de um doutor que o exclui de um mundo já cheio de barreiras e fronteiras; 
um cachorro vira-lata lambendo o sangue de mais um que se foi arrastado pela violência urbana e que só deixou no asfalto o seu sangue; 
um velho que traz consigo o peso do cansaço e da revolta por ter trabalhado a vida toda, para hoje estar carregando em seu carrinho de madeira o papelão que vai significar o seu sustento; 
um hospital cheio de filas, mas vazio de atendimento...

Um dia minha mãe me falou que a minha vida seria basicamente crescer, trabalhar, construir uma família e viver em paz, mas, hoje vejo o quanto ela estava enganada, pois minha vida foi construída com tijolos de revolta e sofrimento. Afinal, como poderei viver feliz sabendo que diariamente famílias estão sendo jogadas, abandonadas e pisoteadas pelo sistema?
Será que devo agir como quase todos e simplesmente ignorar?
Não!
Ignorar não é a saída, afinal como posso ignorar as coisas que fazem parte do meu caminho?
Mesmo sabendo que meu caminho é curto, não desisto, tenho que lutar...
 Meu caminho é a minha luta.

E você, enxergue o que está te enxergando hoje!
Não ignore o que está acontecendo e o que vai acontecer se você continuar ignorando!
Busque a solução que está estampada em você mesmo!
Agilize-se e procure despertar o seu idealismo.
Você é a arma!
Ignorar não é a solução!



Renato J. Oliveira                junho de 1.994


(Conto extraído do Zine Agonia Revoltante! # 03, de julho de 1.994)




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