8.3.17

Rachel Sheherazade e o 8 de março


...ao contrário da senadora petista Gleisi Hoffmann e suas asseclas, eu, Rachel Sheherazade, não aderi, nem vou aderir à tal greve geral das mulheres nesta quarta-feira, aliás, eu me envergonho de uma senadora da república que diz falar em nome das mulheres de bem deste país e, estranhamente, exorta essas mesmas mulheres a não trabalhar, nos sugere que abdiquemos de nossos deveres maternos e tenta até mesmo incitar o ressentimento entre nós e eles, numa nova versão da infame e inútil guerra dos sexos.
Não, senadora, não precisamos de mais contendas, nós não precisamos de novos cismas, senhora Gleisi Hoffmann. A senhora me envergonha, não só como parlamentar, mas agora também como mulher, aliás, eu me envergonho também de todas as feministas fundamentalistas que não lutam em favor do sexo feminino, mas contra o sexo masculino, numa espécie de misoginia às avessas, promovendo não a igualdade tão sonhada por todos nós, mas fomentando sim um ódio recíproco e sem fundamento entre os gêneros.
Aí eu pergunto a essas militantes raivosas, recalcadas e mal resolvidas: o que seria de nós, mulheres, sem os homens, que desde os tempos primitivos nos têm provido e protegido, salvaguardando mulheres e crianças, muitas vezes com suas próprias vidas?
De outro lado, o que seria dos homens sem as mulheres que os parem, que os educam, que lhes satisfazem e lhes acompanham vida afora?
Homens e mulheres se complementam.
O que seria dessa humanidade sem esse casamento perfeito entre os gêneros?
Esse dia internacional das mulheres pra mim é uma piada globalista de tanto mal gosto quanto a exortação da senadora petista à greve geral e à abstinência sexual neste 8 de março. Sinceramente, esta data não significa absolutamente nada pra mim, é um dia como outro qualquer. É que eu me basto como mulher, eu não preciso de uma data especial para me sentir especial, eu não preciso de um 8 de março pra ser enxergada, pra ser respeitada, compreendida, protegida, admirada, pra ser amada.
Todos os dias são - ou deveriam ser - especiais para as mulheres. E para os homens também, viu.
A propósito, eu prescindo e não acredito na falsa ideia de empoderamento que pregam as neo-feministas, assim como eu não preciso da tutela de grupos feministas que jamais me protegeram quando eu fui ameaçada de estupro por um professor universitário do Rio de Janeiro, quando eu fui jurada de morte por ser mulher - e mulher de opinião - quando eu tive a minha imagem queimada em praça pública numa tal 'marcha das vadias' que diz representar e proteger os direitos das mulheres.
Não, eu não preciso que ninguém me empodere. Como todas as mulheres, até mesmo as que não o sabem, eu já nasci poderosa. Eu dispenso vitimismo, a falácia do sexo frágil, eu dispenso os privilégios disfarçados de direitos, abomino leis demagógicas e injustas como a do feminicídio, que contrariam a igualdade garantida na Constituição entre todos os brasileiros e que fizeram a vida de um homem valer menos do que a vida de uma mulher. Pra mim, quando se fala no valor de uma vida, não há que haver hierarquia entre homens e mulheres, ou entre mulheres e nascituros, é bom lembrar.
Eu não faço apologia da misandria, do ódio contra o masculino, pelo contrário, da mesma forma que eu abomino os abusadores, os violentos, os assassinos, os estupradores, eu amo os homens que amam as mulheres.
Eu tenho filho, Gabriel; eu tenho pai, Dirson; eu tenho dois irmãos, Júnior e George; eu tenho noivo, Matheus; eu tenho vários amigos que me orgulham pelo fato de serem homens de bem, honrados, justos, respeitosos, pacíficos, protetores, amáveis e, amados.
Não custa nada lembrar as 'feminazis': os homens que vocês tanto odeiam foram educados e criados pelas mulheres que vocês dizem proteger.
Finalmente, gente, que este dia não seja um dia de greve, de desagravo, mas um dia de amor, de respeito, de reconhecimento, e principalmente de reconciliação entre nós e eles."


 Rachel Sheherazade,
jornalista brasileira

 






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