A pouco mais de um mês de completar 17 anos de idade dei esta declaração à reportagem do jornal Folha de São Paulo, exatamente no dia 26 de março de 1994, na cidade de Limeira (interior de São Paulo).
Hoje, 04 de abril de 2017, fazem exatamente 23 anos que estampei com meu rosto o referido jornal. Agora tenho idade suficiente para ser pai de um Renato Curse. Os anos passaram e hoje tenho uma noção exata daquilo que eu era, daquilo que fui, daquilo que fiz. Não que eu não tivesse qualquer noção de meus atos, muito pelo contrário, mas hoje sei que aquela noção que eu tinha das coisas que fazia e das coisas que acreditava (e defendia) era deficiente.
No âmbito familiar, sem dúvida meus pais foram os que mais sofreram com meus atos de rebeldia, mas apesar disso eles sempre foram amáveis e pacientes (até demais) - confesso que jamais teria sido tão permissivo e tolerante com meus filhos (se os tivesse, claro) quanto meus pais foram comigo em minha adolescência.
Mas, enfim, passaram-se mais de duas décadas e cá estou eu, do outro lado, fora dos vícios esquerdistas, fora da militância anarco-punk, fora de todo esse mundo de utopias, mentiras, farsas e ilusões que contiguamente residem do lado esquerdo da política.
Hoje, quanto mais eu conheço a Esquerda, mais politicamente destro eu fico.
O Renato Curse já não existe mais. O Renato Oliveira mata um pouco a cada dia aquilo que dele restou, extraindo apenas o que de bom ele pode oferecer, ainda que a custo de amargas e dolorosas lembranças.
Hoje é o Renato Oliveira quem está atuante, porém, não foi a minha percepção de injustiça que mudou, ela apenas amadureceu.
O Renato de hoje certamente discordaria de quase tudo que o Renato de ontem dissesse e certamente ambos travariam um grande embate de ideias, o qual poderia se estender por longas horas.
Sei que não seria capaz de convencê-lo, assim como sei que ele não teria argumentos suficientes para sobressair-se no debate, entretanto, tenho absoluta certeza de que o deixaria, no mínimo, encabulado. No entanto, única e exclusivamente por paixão ao movimento punk, ao seu estilo de vida e ao seu círculo de amizades, o Renato Curse não daria o braço a torcer e não abriria mão de suas convicções, mesmo que constatasse que a grande maioria delas, além de estarem equivocadas, eram inviáveis, inaplicáveis e até impossíveis. Certamente ele ia preferir continuar se enganando.
Jovens costumam ser mais apaixonados, mais teimosos, mais inconsequentes e tais características não lhes permitem enxergar com clareza no quê e em quê estão errando - especialmente se tais jovens forem seduzidos por ideias esquerdistas (o que é muito comum hoje em dia com o escancarado Marxismo cultural).
Há exatos 23 anos eu era assim: punk, anarquista, ateu. Hoje sou cristão (católico com muito orgulho) e só esta característica já me bastaria para saber que me tornei uma pessoa muito melhor, no entanto a vivência e a experiência pessoal de quem um dia enxergou a vida, o mundo e a própria existência sob a ótica da banalidade e superficialidade que só os niilistas, ateus e esquerdistas possuem, me permitem cravar tal afirmação com mais afinco e certeza ainda.
Infelizmente a injustiça sempre existiu e provavelmente sempre existirá, por mais que lutemos, por mais que atuemos, por mais que combatamos. Podemos contribuir para sua diminuição, mas certamente jamais veremos a sua total extinção - não neste mundo, não nesta realidade.
Devemos então nos preocupar mais em concentrar nossos esforços e direcionar nossas atenções às causas que verdadeiramente dizem respeito ao bem comum da sociedade em que vivemos, ou seja, causas que resguardem e preservem os valores morais cristãos que ajudaram a constituir a civilização humana e que sempre fundamentaram a nossa existência, a nossa sobrevivência. Em outras palavras, precisamos salvaguardar, sem medir esforços, os valores, costumes, tradições (e etc.) da família. Família que é a base primordial de uma sociedade mais justa, como supostamente almejam os esquerdistas, liberais, neoliberais e etc. Todos nós almejamos uma sociedade mais justa, todos nós vislumbramos um mundo melhor; disso ninguém parece discordar.
Mas, é o que acontece?
Com tudo o que vem se sucedendo em matéria de política, economia, saúde, educação, segurança pública (e etc.), não só no Brasil, mas em boa parte do mundo, será que estamos seguindo rumo a um caminho menos íngreme e menos perigoso? Será que estamos construindo um mundo melhor para nós e para as futuras gerações?
A resposta parecerá bastante óbvia se folhearmos algum jornal, se assistirmos algum noticiário ou se acessarmos a internet.
Moro em uma cidade do interior e, prestes a completar 40 anos de idade, sinto até uma nostalgia quando me lembro dos tempos em que saía à noite com meus pais com destino a casa de parentes que moravam em lugares ermos e isolados, com pouca iluminação e sem asfalto. Naquela época não muito distante, meus pais conduziam eu e minha irmã sem qualquer preocupação quanto à segurança, ou seja, sem nenhum medo de serem assaltados ou abordados por criminosos. Isso é inimaginável nos dias de hoje, quando deveria ser justamente o oposto, já que todas essas ruas agora estão asfaltadas e devidamente iluminadas. Hoje, ao contrário de alguns anos atrás, as cidades do interior já não são mais sinônimos de lugares pacatos e tranquilos; a criminalidade e o sentimento coletivo de insegurança imperam e caminham lado a lado.
Resumindo: o mundo, definitivamente, não mudou para melhor, não mesmo!
Claro que na concepção doentia de algumas pessoas o mundo pode até ter melhorado no aspecto social, mas para a grande maioria das pessoas esse não é um pensamento/sentimento do qual compartilham.
Seria até impossível diagnosticar com exatidão ou precisão as causas que acabaram conduzindo nosso país a esta atual realidade em que nos encontramos: uma realidade onde impera uma alarmante inversão de valores éticos e morais, uma realidade onde os preceitos cristãos que ajudaram a constituir não apenas nossa atual sociedade, mas também TODA a civilização ocidental, já não têm o mesmo valor de tempos de outrora, sobretudo para aqueles que deveriam cuidar para que tais preceitos não fossem menosprezados, desestruturados ou abalados.
No tocante ao cristianismo, o que hoje muitos comemoram como se fosse um avanço ou um progresso religioso, como por exemplo, o crescimento frenético, desenfreado e até assustador do protestantismo, com suas inúmeras seitas e incontáveis doutrinas fabricadas pela Sola Scriptura, ou mesmo - até como um consequência natural do mencionado crescimento protestante - a perda gradual da autoridade e da influência da Igreja Católica, soa mais como uma das causas principais de toda a desordem social que hoje tristemente testemunhamos.
Muitos hão de discordar e até sentir-se ofendidos com tal afirmativa, mas isso não se trata de uma simples avaliação pessoal. Na minha infância, por exemplo, mais de 80% da população brasileira afirmava ser católica; em minha cidade era raro entrar em uma casa e não ver imagens de Jesus Cristo, da Virgem Maria (especialmente Nossa Senhora Aparecida), de algum santo ou do Papa São João Paulo II. Bons tempos!
Pois bem, acrescentemos ao fato do aumento das seitas protestantes e da perda da influência da Igreja Católica, o desserviço que os governantes pós-redemocratização vêm prestando à sociedade, especialmente nas últimas duas décadas, e eis aí o resultado dessa triste somatória: uma sociedade muitíssimo mal educada, carente de valores morais cristãos e à mercê da constante intromissão estatal na vida particular e privada dos cidadãos que a compõe. O Estado é quem dita nos dias de hoje as regras familiares, o Estado é quem deseja desempenhar a função de educador no seio das famílias. Com isso os pais estão perdendo a autoridade e até o respeito de seus filhos e, como inevitável consequência desse atual quadro de banalização da família, o que vemos também é um crescimento inquietante da delinquência juvenil.
Comparemos, por exemplo, o comportamento e desempenho dos alunos e professores de hoje em dia com os do passado. Na minha infância, um aluno pensaria mil vezes antes de desrespeitar ou agredir um professor; jamais um aluno passaria de ano sem ter aprendido nada; jamais você veria relatos de professores defecando em manifestações; jamais você veria relatos de professores do sexo masculino lecionando de saia; jamais você veria professores excedendo o limite entre educar e doutrinar. Enfim, na minha infância ainda tinha aula de Educação Moral e Cívica e a principal função do professor era realmente educar (e não doutrinar!).
O progresso deveria nos trazer uma educação muito melhor, entretanto, nas últimas três décadas, por mais que as escolas e as salas de aula tenham se adaptado às tecnologias atuais, o que temos é um ensino escolar de péssima qualidade - um dos piores do mundo. Muitos alunos saem das faculdades sem saber escrever corretamente!
Enfim, o que testemunhamos hoje é o retrato de todo um desserviço governamental aliado à nossa extrema inércia e passividade. Fomos nós, o povo brasileiro, que permitimos tudo isso, afinal, somos nós quem colocamos os prefeitos, governadores, presidentes e demais políticos no poder; somos nós que nos permitimos ser enganados; fomos e somos nós que elegemos e não fiscalizamos; fomos e somos nós que deixamos o verdadeiro Deus em segundo plano; fomos e somos nós que ajudamos a construir um deus self-service que negocia favores materiais com suas criaturas; fomos e somos nós que ajudamos a fabricar centenas ou milhares de interpretações bíblicas diferentes, centenas de doutrinas, centenas de seitas. Fomos e somos nós que não levamos a política e a religião a sério!
Fomos e somos nós que colocamos corruptos, revolucionários e terroristas na presidência.
O que poderíamos esperar?
O que esperar de pessoas imorais e absolutamente despreparadas à frente dos interesses da nação?
Atingimos um estágio tão preocupante que até frases óbvias que retratam verdades imutáveis como "Menino nasce menino e menina nasce menina" são repetidas como se fossem afirmações desconhecidas ou ignoradas. Absurdo! Assim como é absurdo frisar sobre o valor e a importância de uma vida a uma parte (felizmente ainda minoritária) da sociedade que defende a liberação/legalização do aborto. A que ponto chegamos!
Eis aí o reflexo de uma sociedade que não leva a política a sério e que idealiza Deus como uma espécie de negociante ou um amiguinho invisível a quem não se deve nem ao menos respeitar. Uma nação que menospreza Jesus Cristo e que situa como seus representantes máximos pessoas que pisam nos preceitos e ensinamentos do verdadeiro Deus, está fadada ao fracasso e à decadência moral e social. O Brasil (e o mundo) atual é a maior prova de que essa afirmação faz todo o sentido.
Poderemos nós, brasileiros, frear esse quadro decadente? Conseguiremos não repetir os mesmos erros? Não nos deixaremos mais seduzir pelas ideias atrofiadoras da esquerda política?
Cabe a nós mudar para melhor o que ajudamos a estragar. O poder está em nossas mãos, literalmente. Quando aprendermos a votar nas pessoas certas, daremos o passo principal a caminho da mudança. Só então, a partir daí, a justiça começará a prevalecer contra a injustiça e o mal.
Hoje, 04 de abril de 2017, repito a frase que constava na matéria da Folha de São Paulo de 23 anos atrás: "Enquanto houver injustiça, continuarei atuante!", porém, atuante em causas realmente justas e edificantes.
Se um dia vivermos em uma sociedade consciente de que a maior injustiça que um ser humano pode cometer é desprezar o Deus que lhe deu a vida e não obedecer os seus mandamentos, estaremos trilhando, ainda que passemos por percalços e dificuldades, o verdadeiro caminho do bem comum, em todos os sentidos.
Renato J. Oliveira 04 de abril de 2017
Veja aqui a matéria no site da Folha
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