Revirando alguns materiais antigos, consegui recuperar este texto, escrito por mim em abril de 2001 para o informativo semanal "Mix Cultural" (edição 23, do dia 14 daquele mês).
Ele circulava aos fins de semana e, por ocasião da Páscoa (que simboliza a ressurreição de Cristo), fui incumbido de apresentar um texto sobre Jesus que abordasse mais o contexto histórico do que o religioso (muito embora sabemos que falar de Cristo sem falar em religião é praticamente impossível). Na época, apesar de não mais me declarar ateu, meu pensamento tendia mais para o agnosticismo, por isso não me agradou muito a ideia de escrever sobre Jesus.
Agora, relendo o texto, me bate um misto de saudade, arrependimento e alívio.
Saudade de uma época em que ainda tinha meu velho pai e alguns amigos que já se foram; arrependimento por ter cometido tantos erros e alívio por não pensar mais como pensava em 2001.
Por falar no meu velho pai, hoje, 16 de abril de 2017, fazem exatamente 3 anos que ele se foi. Saudade imensa! Deve estar alegrando lá em cima com suas brincadeiras, sua felicidade.
Por falar no meu velho pai, hoje, 16 de abril de 2017, fazem exatamente 3 anos que ele se foi. Saudade imensa! Deve estar alegrando lá em cima com suas brincadeiras, sua felicidade.
Sem mais delongas, segue o texto.
Jesus Cristo, o Messias Salvador
Para muitas pessoas, especialmente as crianças e os 'chocólatras', quando se fala em Páscoa a primeira similaridade que lhes vem à cabeça são os ovos de chocolate e o coelhinho da Páscoa.
Porém, para a religião cristã, a Páscoa é tida como a principal 'festa' da doutrina, pois simboliza a ressurreição de Cristo na Terra. Mas, a Páscoa já existia muito antes de Cristo nascer; segundo o Êxodo do Antigo Testamento da Bíblia cristã, a primeira festa pascal surgiu para marcar a libertação dos judeus de Israel do domínio egípcio (a festa, na ocasião, foi simbolizada e celebrada com pães ázimos, ervas bravas e um cordeiro macho de um mês).
E quanto à Páscoa ser a mais importante referência comemorativa do Cristianismo, as razões são óbvias: mais do que o nascimento de Jesus, sua ressurreição veio fundamentar toda a base de sua doutrina (à qual asseguraria a ressurreição dos bons para a vida eterna) e a confirmação das revelações de Deus a Abraão, aos profetas e a Moisés.
Jesus Cristo teria nascido entre 4 a 5 a.C., na cidade de Belém, em dia e mês não conhecidos (o 25 de dezembro é apenas simbólico), filho 'terrestre' do carpinteiro José e da Virgem Maria.
Segundo os relatos bíblicos, a Virgem Maria, escolhida por sua humildade e bondade, teria recebido Jesus em seu ventre por obra do Espírito Santo (consta que Deus teria enviado o anjo Gabriel para comunicá-la) e o concebido - por falta de guarida - no interior de uma estrebaria (uma manjedoura foi o berço improvisado).
Quando tinha 6 anos de idade, obedecendo à tradição judaica, Maria e José levaram-no a Jerusalém para que fosse apresentado ao sacerdote e, ao fim da cerimônia, regressaram à Galileia, na cidade de Nazaré, onde Jesus teria passado toda a sua infância (protegido das maléficas intenções do rei Herodes).
Anualmente, em fins de março e início de abril, José e Maria percorriam mais de 100 quilômetros, de Nazaré a Jerusalém, para a celebração da Páscoa e, assim que Jesus completou 12 anos, eles o levaram-no consigo. Inadvertidamente, o menino Jesus não acompanhou seus pais no ato de regressarem, sendo sua falta notada após longa caminhada. José e Maria então retornaram a Jerusalém e depois de três dias de intensa procura, localizaram Jesus discutindo as Escrituras Sagradas com os mestres e doutores no templo. Tão grandes o conhecimento que o menino tinha sobre as escrituras e a precisão de suas palavras que até os mais estudiosos no assunto ficaram impressionados.
De volta à Nazaré, Jesus cresceu seguindo e praticando as leis sagradas; acredita-se que durante anos ele trabalhou com seu pai exercendo o ofício de carpinteiro.
Ainda segundo o Novo Testamento, Jesus foi batizado pelo profeta João Batista no Rio Jordão com quase 30 anos e, após passar cerca de 40 dias em completo jejum no deserto, resistindo a todas as tentações do demônio, saiu em peregrinação anunciando a Boa Nova (ou o Evangelho).
Por onde passava, além de arrastar uma multidão de fiéis, Jesus ia realizando uma série de surpreendentes milagres, como a cura instantânea da leprose, de paralisias, a restituição dos sentidos a cegos, surdos e mudos, a multiplicação de pães, a transformação da água em vinho e até a ressurreição de pessoas mortas.
Para auxiliar em sua peregrinação e evangelização, Jesus reuniu doze discípulos: Simão Pedro, André, Tiago (filho de Zebedeu), João, Filipe, Bartolomeu, Tomé, Mateus, Tiago (filho de Alfeu), Tadeu, Simão e Judas Iscariotes.
Porém, ao se declarar o Salvador anunciado nas escrituras e o filho legítimo de Deus, as ações e revelações de Jesus em pouco tempo despertaram a ira das autoridades civis, militares e religiosas.
Após três anos de pregação nas cidades próximas, Jesus e seus discípulos seguiram para Jerusalém para a celebração da Páscoa, ocasião em que Jesus teria celebrado a Primeira Eucaristia (na última ceia), depois de ter provocado grande tumulto ao expulsar os mercadores do templo.
Judas Iscariotes, um dos discípulos, induzido à traição pelas autoridades, orientou e guiou os soldados romanos até o Jardim Getsêmani, onde os demais discípulos e Jesus se encontravam (arrependido, mais tarde Judas se enforcou).
Preso, Jesus foi interrogado por Caifás, enviado ao governador romano Pôncio Pilatos que, após novo interrogatório, enviou-o a Herodes. Este, isentando-se da responsabilidade de instituir uma condenação, mandou-o de volta a Pilatos que "lavou as mãos" entregando Jesus à multidão enfurecida que o acusava de traidor e impostor. Atendendo à massa, os soldados crucificaram Jesus no Calvário, juntamente com dois ladrões que, diante de todos, agonizaram até a morte.
Segundo o Novo Testamento, depois de sepultado, Jesus ressuscitou ao terceiro dia, tendo aparecido a Maria Madalena e depois a seus discípulos (e a várias outras pessoas).
Acredita-se que ele tenha permanecido na Terra por mais 40 dias e depois teria subido ao Céu, com a promessa de um dia voltar para o Juízo Final.
Os relatos da vida, das revelações e dos milagres de Jesus narrados pelos apóstolos teriam sido escritos entre 70 e 100 d.C.
Renato J. Oliveira abril de 2001
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