19.1.12

Eternamente Elis Regina


30 ANOS SEM ELIS REGINA*

No dia 19 de janeiro de 2.012, completa-se 30 anos que o Brasil perdeu, na área musical, uma das mais belas e afinadas vozes femininas; há 30 anos morria, de forma polêmica, a cantora Elis Regina.

A saudosa “Pimentinha” – assim a chamavam pelo seu gênio explosivo – nasceu em Porto Alegre (RS) no dia 17 de março de 1.945 e, talvez por vir de uma família que apreciava as grandes vozes da velha guarda, Elis demonstrou, desde muito cedo, o interesse pela música.
Cresceu ouvindo a “Rádio Nacional” do Rio de Janeiro, não apenas por causa de seus ídolos (entre eles Cauby Peixoto e Ângela Maria), mas também para se manter atualizada sobre o mundo artístico.
Tudo aquilo foi despertando pouco a pouco na menina Elis o seu maior dom: cantar.

O primeiro contato com os microfones foi aos 12 anos, cantando “Lábios de mel” de Ângela Maria, no Clube do Guri, em Porto Alegre. Depois disso, Elis começou a se apresentar nos programas de rádio e a animar bailes como ‘crooner’ de orquestra de alguns grupos.

Aos 16 anos foi convidada para gravar no Rio de Janeiro e, assim, de forma até precoce, gravou dois LPs pela Continental: “Viva a Brotolândia” em 1.961 e "Poema de Amor" em 1.962, ainda sem um estilo completamente definido (variando entre o samba e o rock).
Em 1.963, aos 18 anos, com 36 mil cruzeiros na mala e firmes propósitos na cabeça, Elis desembarcou mais uma vez no Rio de Janeiro.  Conseguiu gravar mais dois LPs (agora pela CBS).

Com o início da Bossa Nova, seus conceitos musicais foram se aprimorando e em março do ano seguinte ela gravou mais um LP, o qual incluía seu primeiro sucesso: “Menino das laranjas” (pela Phillips).
Mas foi a partir de 1.965 que Elis Regina começou verdadeiramente a se consagrar na música.  Cantando “Arrastão” ela venceu o 1.o Festival de MPB e, em 19 de maio estreou na TV Record de São Paulo com o Programa “O Fino da Bossa”, ao lado de Jair Rodrigues, ajudando com isso a revelar grandes nomes da MPB (o programa foi ao ar até 1.967).

A partir da década de 70, com o surgimento dos novos ritmos, Elis começou a conciliar as novas tendências à sua música.   Ao lado de Ivan Lins ela apresentou, na Rede Globo, o Programa “Som Livre Exportação” (entre 1.970 a 1.971), o qual abria sua fase mais eclética, a que revelaria seus maiores sucessos..
Dentre os clássicos “Madalena”, “Águas de março”, “Como nossos pais”, “Fascinação”, “Romaria”, “Alô alô marciano”, entre tantos outros, ficaria até difícil ressaltar qual foi a canção de maior sucesso gravada por Elis.

Mas a maior aceitação da crítica para seus LPs foi para “Falso Brilhante”, gravado em 1.976, marcando a melhor temporada de sua carreira, com espetáculos que anexavam teatro à música.
Com certeza a década de 70 foi a década de ouro para a consagração de Elis e esse sucesso tinha tudo para se redobrar na década seguinte, não fosse a triste ocorrência de sua morte.

Elis Regina Carvalho Costa faleceu aos 36 anos de idade, no dia 19 de janeiro de 1.982, vítima de uma parada cardíaca após ingestão de álcool e cocaína (laudo médico contundente até os dias de hoje), deixando além de seus quase 30 discos e inúmeras canções, uma falta irreparável na música.

O Brasil perdia nesta data a sua maior intérprete.


Texto: Renato Curse                  janeiro de 2.001

*(Esse texto foi publicado na edição # 11 do Informativo Mix Cultural, de 20 de janeiro de 2.001, 
sob o título original de “19 anos sem Elis Regina”)






DISCOGRAFIA DE ELIS REGINA

Estúdio
1961 - Viva a Brotolândia
1962 - Poema de Amor
1963 - Elis Regina
1963 - O Bem do Amor
1965 - Samba - Eu Canto Assim
1966 - Elis
1969 - Elis - Como e Porque
1970 - Em Pleno Verão
1971 - Ela
1972 - Elis
1973 - Elis
1974 - Elis & Tom (com Antônio Carlos Jobim)
1974 - Elis
1976 - Falso Brilhante
1977 - Elis
1979 - Essa Mulher
1980 - Saudade do Brasil
1980 - Elis


Ao Vivo
Em Vida
1965 - Dois na Bossa (com Jair Rodrigues)
1965 - O Fino do Fino (com Zimbo Trio)
1966 - Dois na Bossa nº 2 (com Jair Rodrigues)
1967 - Dois na Bossa nº 3 (com Jair Rodrigues)
1970 - Elis no Teatro da Praia
1978 - Transversal do Tempo

Póstumos
1982 - Montreux Jazz Festival
1982 - Trem Azul
1984 - Luz das Estrelas
1995 - Elis ao Vivo
1998 - Elis Vive


Compactos
Simples
1961 - Dá Sorte / Sonhando
1961 - Dor de Cotovelo / Samba Feito pra Mim
1962 - Poporó Popó / Nos teus Lábios
1962 - A Virgem de Macarena / 1, 2, 3 Balançou
1965 - Menino das Laranjas / Sou sem Paz
1965 - Arrastão / Aleluia
1965 - Zambi / Esse Mundo É Meu / Resolução
1966 - Canto de Ossanha / Rosa Morena
1966 - Ensaio Geral / Jogo de Roda
1966 - Upa, Neguinho / Tristeza que se Foi
1966 - Saveiros / Canto Triste
1967 - Travessia / Manifesto
1968 - Yê-melê / Upa, Neguinho
1968 - Samba da Benção / Canção do Sal
1968 - Lapinha / Cruz de Cinza, Cruz de Sal
1969 - Casa Forte / Memórias de Marta Saré
1969 - Tabelinha Elis x Pelé (Perdão Não Tem / Vexamão) Elis cantando duas músicas de Pelé
1972 - Águas de Março / Entrudo
1972 - Águas de Março / Cais
1979 - O Bêbado e a Equilibrista / As Aparências Enganam
1980 - Moda de Sangue / O Primeiro Jornal
1980 - Alô, Alô Marciano / No Céu da Vibração
1980 - Se Eu Quiser Falar com Deus / O Trem Azul

Duplos
1966 - Menino das Laranjas / Último Canto / Preciso Aprender a Ser Só / João Valentão
1966 - Pout-Porri de Samba / Sem Deus, com a Família / Ué
1966 - Saveiros / Jogo de Roda / Ensaio Geral / Canto Triste
1968 - Deixa / A Noite do meu Bem / Noite dos Mascarados / Tristeza
1969 - Andança / Samba da Pergunta / O Sonho / Giro
1970 - Madalena / Fechado pra Balanço / Falei e Disse / Vou Deitar e Rolar
1971 - Nada Será como Antes / A Fia de Chico Brito / Osanah / Casa no Campo
1972 - Águas de Março / Atrás da Porta / Bala com Bala / Vida de Bailarina
1975 - Dois pra lá, Dois pra Cá / O Mestre-sala dos Mares / Amor até o Fim / Na Batucada da Vida
1976 - Como Nossos Pais / Um Por Todos / Fascinação / Velha Roupa Colorida


Outros lançamentos, contendo registros inéditos em LP's
1968 - Elis Especial
1969 - Elis Regina & Toots Thielemans — gravado na Suécia e lançado originariamente na Europa. Lançado no Brasil apenas em 1978. Também lançado com o título Aquarela do Brasil.
1969 - Elis Regina in London — gravado e lançado originariamente na Europa. Lançado no Brasil apenas em 1982.
1975 - Música Popular do Sul 1 - pela gravadora Discos Marcus Pereira com compositores e intérpretes gaúchos. Elis canta 4 canções:Boi Barroso, Alto da Bronze, Porto dos Casais e Os Homens de Preto.
1975 - O Grito - Som Livre. Trilha sonora da telenovela O Grito, que inclui Um Por Todos com letra e instrumental diferentes das apresentadas no álbum Falso Brilhante.
1979 - Elis Especial — disco lançado à revelia de Elis, reunindo faixas que não entraram em seus LPs anteriores.
1981 - Brilhante - Som Livre. Trilha sonora da telenovela Brilhante contendo a última gravação em estúdio de Elis, a música Me Deixas Louca.
2002 - 20 Anos de Saudade - Universal. Coletânea de gravações de diversos compactos e participações em outros discos coletivos das décadas de 60 e 70.
2006 - Pérolas Raras - Universal. Coletânea de gravações de diversos compactos e participações em outros discos coletivos das décadas de 60 a 80.

Fonte: Wikipedia

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MINHA CANÇÃO PREFERIDA DE ELIS REGINA

A BANCA DO DISTINTO (do álbum póstumo "Luz das Estrelas")
(autor: Billy Blanco)

Não fala com pobre,
Não dá mão a preto,
Não carrega embrulho;
Prá quê tanta pose, doutor?
Prá quê esse orgulho?
A bruxa que é cega
Esbarra na gente
E a vida estanca,
O infarto te pega, doutor
E acaba essa banca

A vaidade é assim

Põe o tonto no alto
E retira a escada
Mas fica por perto
Esperando sentada,
Mais cedo ou mais tarde
Ele acaba no chão

Mais alto o coqueiro

Maior é o tombo do côco
Afinal, todo mundo é igual
Quando o tombo termina:
Com terra por cima
E na horizontal.





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