O que às vezes pode parecer e
ser inalcançável a muitas pessoas, no campo intelecto, inventivo e cultural,
para outras (evidentemente bem poucas) pode ser perfeitamente atingível e
facilmente explorável nas mais variadas abordagens, levando-nos por surpresa,
espanto ou admiração, a inevitáveis indagações: “De onde proveria tanta
criatividade, inteligência e raciocínio tão precisos?” “Por que, se comparado ao número total de
habitantes terrestres, um número tão escasso de pessoas consegue chegar ao
ápice da genialidade?” “Quais motivações
inspiram os sábios, gênios e inventores a fazerem suas prodigiosas e
surpreendentes criações/invenções?”
A Itália, por exemplo, foi o
berço pátrio de muitos gênios que revolucionaram e radicalizaram os conceitos
artísticos, culturais, morais e sociais do mundo todo, entre estes: Galileu
Galilei, Giotto Da Bondone, Michelangelo e Leonardo da Vinci, o último
classificado como “o mais completo dos homens”, título talvez conferido devido
à notoriedade por ele atingida nas mais variadas ocupações e áreas nas quais se
dedicou, nas ciências e nas artes, estas exprimidas no período Quatrocento do
Renascimento.
Casa onde Da Vinci teria passado a infância |
Na idade escolar, educado por
excelentes professores, a inteligência aguçada e apurada do garoto já havia
aflorado nas muitas formulações teóricas que ele dirigia aos mestres,
confundindo até os mais estudados.
Na adolescência, já residindo
com a família em Florença, além de já escrever indefectivelmente com ambas as
mãos e no sentido inverso (para ser lido somente se refletido num espelho),
Leonardo da Vinci modelava com argila imagens humanas e animais e já
demonstrando seus dons artísticos e científicos, ele rabiscava e criava
complexos desenhos e projetos matemáticos e arquitetônicos. Mas tinha um
detalhe: tudo isso ele fazia secretamente.
Porém, em 1.467, ao revirar suas coisas, seu pai acabou encontrando um
daqueles desenhos e surpreso com a criatividade do filho de 15 anos,
apresentou-o ao famoso pintor e escultor Andrea Di Cione, o II Verrocchio, para
o qual Leonardo começou a trabalhar como aprendiz em seu ateliê, destacando-se
tanto na pintura quanto na escultura.
Nesse período ele já dividia seu aperfeiçoamento artístico com seus
estudos pessoais sobre física, matemática e mecânica.
São Jerônimo, obra inacabada |
Depois de ganhar a causa, em
1.481, aos 29 anos de idade, o artista mudou-se para Milão, passando a
trabalhar para Ludovico Sforza, o II Moro, em seu próprio castelo.
Nessa época, além de ter desenvolvido para
Ludovico projetos de engenharia militar e hidráulica (para os canis de Milão),
Leonardo da Vinci pintou – entre várias telas – a “Virgem dos Rochedos” por
volta de 1.483, o famosíssimo “Última Ceia” entre 1.495 e 1.497; decorou a Sala
delle Asse em 1.498, iniciou os escritos de seu célebre livro “Tratado della
Pittura” (publicado só em 1.651) e se aprofundou nos estudos de física,
anatomia, matemática, botânica e geologia.
Nessa época, seus discípulos favoritos eram Solaino, Marco d’Oggiono e
Boltraffio.
A Última Ceia |
Em setembro de 1.499, com a
invasão do exército francês a Milão (a mando do rei Luis XII), Leonardo e seus
discípulos foram obrigados a deixar a cidade, passando a residir,
respectivamente em Mântua, Veneza e Florença, tendo acompanhado em 1.502 o
duque Valentino, Cesare Borgia, na campanha de Romagna, atuando como arquiteto
e engenheiro militar.
Mona Lisa |
Em 1.507, aos 55 anos,
Leonardo, solicitado pelo rei Luis XII, retornou a Milão onde permaneceu até
1.513, partindo posteriormente para Roma, onde morou com o irmão do Papa Leão
X, Giuliano de Médici até a morte deste em 1.516 – nessa época uma paralisia
imobilizara seu braço e sua perna direita, impossibilitando-o de pintar.
Possível auto-retrato |
Três anos depois, na noite de
2 para 3 de maio de 1.519, aos 67 anos, Leonardo da Vinci morreu ao lado de seu
fiel discípulo Francesco Melzi, deixando para ele todos os seus estudos como
herança.
Dentre as suas principais
invenções destacam-se: a laminadora, os
rolamentos de rolo, a câmara escura (três séculos antes da invenção da
fotografia), além de projetos que anteciparam a invenção do escafandro, do
helicóptero e do paraquedas (uma das maiores obsessões de Leonardo Da Vinci foi
o desejo de voar).
Texto: Renato J. Oliveira julho de
2.001
(Este texto foi publicado na edição # 36 do
Informativo Mix Cultural, de 14 de julho de 2.001)
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