29.10.19
Direita e "Direita Verdadeira": quem tem RAZÃO?
Em meio à gigantesca polarização de ideias que se criou no ambiente político de nosso país, o que mais tenho a lamentar, especialmente naquilo que agora chamam de Verdadeira Direita Brasileira, é a atual conivência com o que está flagrantemente errado, incorreto, imoral... A expressão "passar pano", que nada mais é que ser conivente ou passivo diante dos erros de alguém e que, aliás, foi lugar-comum nas táticas políticas da esquerda durante décadas, parece apenas ter mudado de lado, ou seja, agora virou lugar-comum em parte da direita brasileira também.
O que vejo atualmente é uma polarização na polarização! Pessoas que há menos de um ano defendiam e lutavam pelas mesmas pautas (dentro da esfera política), agora simplesmente se digladiam, se atacam, se ofendem; cada qual defendendo seus pontos de vista com unhas e dentes, protagonizando assim um verdadeiro espetáculo pra esquerdista nenhum botar defeito.
E quem está certo? Quem está errado?
Cada um que tire suas próprias conclusões; mas, do meu ponto de vista, ninguém tem razão quando defende ou "passa pano" para aquilo que está explicitamente errado. Em se tratando de governo (ou do que quer que seja), há que se enaltecer e elogiar sim os acertos ou os benefícios oriundos de uma ação governamental, mas também há que se questionar, advertir e até cobrar, com o legítimo e inalienável direito de cidadão eleitor, os governantes que ajudamos (ou não) a eleger. E que seja cobrado publicamente sim, especialmente por aqueles que têm maior alcance ou maior expressividade.
Passei anos e anos de minha vida defendendo o que hoje considero indefensável (p. ex.: aborto, anarquismo, ateísmo...), militando em prol de causas sociais das chamadas "minorias" e sendo conivente com os erros, as táticas, as estratégias e, consequentemente, com as ações da esquerda política que dominou nosso país nas décadas anteriores. Aprendi, com todos os meus erros de militante esquerdista, que não se pode e não se deve ser conivente com os erros, conivente com o mal. Esta lição eu nunca desaprenderei e não há filósofo algum no mundo, com suas toneladas de argumentações, que me fará esquecê-la.
Pra ser sincero, depois que abandonei a esquerda política, nunca me senti plenamente integrado à direita brasileira, ainda que simpatizando-me com a maioria de suas pautas no âmbito social e moral. Hoje não faço questão alguma de me incluir nela; não nesta atual Direita Brasileira, que tanto arroga para si a alcunha de "Verdadeira", e que, através de suas ações, acaba se assemelhando muito à esquerda que tanto abomino agora. A atual direita tem sido para mim uma grande decepção (na esquerda nada me surpreende).
Vejo alguns cidadãos, metidos a "cientistas políticos" ou a intelectuais "influenciadores", manifestando em suas redes sociais (especialmente na plataforma do YouTube) um apoio cego e incondicional ao atual presidente (que, inclusive, foi meu candidato), bradando como histéricos que devemos apoiá-lo em todos os sentidos e que não devemos publicamente apontar os seus erros, mas apenas os seus acertos. Vejo muitos deles falando em "razão" como se esta pertencesse única e exclusivamente a eles; vejo-os tentando a todo custo convencer a si próprios e a seus "seguidores" que o errado agora é o certo, que a mentira agora pode ser verdade, que a imoralidade agora pode ser praticada em nome de uma "causa maior".
Se cogita-se que o errado agora pode ser certo e "direito",
é inegável que A DIREITA ESTÁ ERRADA!
Não abandonei a esquerda para compactuar ou ser conivente com esta direita MALIGNA, não mesmo! E se estou plenamente convicto de que jamais aceitarei o rótulo de esquerdista novamente, também posso assegurar que nunca mais quero ser taxado "de direita". De hoje em diante, o único rótulo que levarei com orgulho e com a certeza de jamais me arrepender (ou decepcionar-me comigo mesmo) é o de CRISTÃO, CATÓLICO. Me permitirei apenas ser doutrinado por Cristo, pela Igreja!
Não se combate o mal usando de artifícios malignos! Não se combate a mentira sendo conivente com ela! Não se combate um erro cometendo outros erros! E o principal: NÃO SE TRATA UM PRESIDENTE (ou qualquer outro governante) COMO UM DEUS! Não se trata um filósofo como dono da razão! Nenhum político, eleito democraticamente, pode estar (ou ser) impassível às críticas; nenhum político pode estar acima do jugo popular! Abra-se estas exceções e teremos um corrupto ou até um ditador no poder!
Todo aquele que diz apoiar incondicionalmente qualquer político, ainda que este político (seja ele quem for), esteja cometendo diversos erros, ou é muito "puxa-saco" (remunerado ou não) ou tem seríssimas deficiências cognitivas, especialmente no que diz respeito ao espectro político. E se, por acaso, esta pessoa afirmar-se cristã, o caso é ainda mais grave, já que além de deficiência cognitiva no âmbito político, ela tem também no campo religioso, por compactuar com a mentira, com o erro, com o engano.
Alguns tentam lançar mão do seguinte argumento: "Não podemos criticar publicamente nosso governo de direita porque a esquerda já o faz em demasia". Tal argumentação, além de ingênua é infundada, pois se estamos alinhados com as políticas de um determinado governo, nossa OBRIGAÇÃO é fiscalizá-lo, questioná-lo e (se errar) criticá-lo sim! É nosso dever fazer a nossa parte para que um governo prospere junto com seu povo, mas isto nunca acontecerá se fecharmos os olhos diante de seus erros, e muito menos se tal governo sentir-se totalmente chancelado por seus eleitores sempre que cometer algum novo erro.
O Brasil chegou nesta atual situação caótica porque durante décadas o que mais se fez foi "passar pano", "jogar a sujeira pra debaixo do tapete" e "fazer vista grossa" para os erros de nossos governantes. E eis que agora me deparo com os críticos agindo como os antes criticados e os combatentes usando os mesmos artifícios que seus oponentes usaram num passado bem recente: a mentira, a trapaça, a tentativa de destruir reputações! Não, vocês não têm razão mesmo!
Impassível de críticas ou contestações, só DEUS, só o DIVINO!
E a quem é cristão: quem coloca "princípios" políticos, econômicos, sociais, etc.. acima dos princípios e dos preceitos cristãos, está fatalmente sujeito e fadado à sua própria auto-destruição moral!
Quem compactua com a mentira e com o erro, ainda que sob o pretexto de defender uma "causa maior" (seja ela qual for), amanhã poderá ser vítima de sua própria submissão e conivência.
Renato J. Oliveira 29 de outubro de 2019
"Maldito o homem que confia em outro homem, que da carne faz o seu apoio e cujo coração vive distante do Senhor!"
(Jeremias, 17,5)
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