4.7.12

Monteiro Lobato, o mestre dos clássicos infanto-literários


Ele é sem dúvida o responsável pelo maior conjunto de literatura infantil já lançado em nosso país, isso sem falar nas obras de ficção, ensaios, críticas, romances...
Duvido que exista alguém aqui no Brasil que ainda não tenha ouvido (ou lido) alguma estória ou algum conto escrito por Monteiro Lobato.
Este grande contista, ensaísta e romancista nasceu em Taubaté (SP), no dia 18 de abril de 1.882. Seus pais, José Bento Marcondes Lobato e Olympia o batizaram com o nome de José Renato e, somente anos mais tarde, para poder usar a bengala do pai com as iniciais J.B.M.L. é que José Renato adotou outro nome, passando a se chamar José Bento Monteiro Lobato.
Na infância foi um aluno regular; aos 13 anos foi reprovado na prova oral de português em São Paulo e por essa e outras razões, naturalmente ninguém poderia imaginar que aquele aluno seria futuramente um mestre na literatura.
Perdeu o pai aos 16 anos, em 13 de junho de 1.898 e dois anos mais tarde, em 1.900, conseguiu ingressar na Faculdade de Direito, em São Paulo.  Casou-se com Maria da Pureza de Castro Natividade, a ‘Purezinha’, aos 26 anos de idade, em 1.908 – no ano seguinte nasceu Martha, a primeira filha.
Monteiro Lobato começou a se destacar na Literatura à partir de 1.917, quando aos 35 anos lançou seu primeiro livro: “O Saci-Pererê” – além do polêmico artigo “Paranóia ou Mistificação”, em que criticava o Modernismo na pintura de Anita Malfatti.
“Urupês”, seu primeiro livro de contos foi lançado em 1.918, conseguindo boa aceitação, o que deu a Monteiro Lobato a possibilidade de iniciar-se no ramo editorial, com a “Monteiro Lobato & Cia.” (mais tarde “Companhia Gráfica-Editora Monteiro Lobato”).
Em 1.919 lançou “Cidades Mortas” e “Idéias de  Jeca Tatu” - Jeca Tatu era um personagem pacato e preguiçoso que lhe permitia abordar as facetas de um Brasil miserável que ele, Monteiro Lobato, assiduamente tentava modificar.
E foi em 1.920 que Monteiro Lobato incursou na área que o tornaria conhecido em todo o país: a Literatura Infantil, ao lançar “A menina do narizinho arrebitado” e, posteriormente “O Saci”, “O Marquês de Rabicó”, “Fábulas” e “Jeca Tatuzinho”, conseguindo vender milhões de exemplares. Ainda em 1.920 lançou o conto “Negrinha” e, em 1.921 “A onda verde”.
Um ano antes de decretar falência, ainda lançou “Mundo da lua” e “O macaco que se fez homem”.
Em 1.924 a editora faliu e, com a venda de uma casa lotérica que mantinha em sociedade, conseguiu fundar, no ano seguinte, a “Companhia Editora Nacional”, no Rio de Janeiro, onde passou a escrever em folhetins o romance “O choque das raças ou o presidente negro” no Jornal A Manhã e “Diálogos de Mr. Slang” para O Jornal.
Mantendo negócios comerciais em Nova York, se surpreendia com o progresso nos Estados Unidos, o que o inspirou a escrever, em 1.930, o livro “A América”.  Preocupado com os negócios do petróleo, voltou ao Brasil em 1.931, ano em que fundou a “Companhia Petróleo do Brasil” e que lançou “Ferro” e “As reinações de Narizinho”.   Em 1.933, ano em que lançou “Na antevéspera”, chegou a extrair petróleo do seu poço em Araquá, na Bahia.  Passou a criticar duramente as manobras petrolíferas, tendo exposto tais ideias em “O escândalo do petróleo”, lançado em 1.936.
No ano seguinte publicou “Serões de Dona Benta”, “História de Tia Anastácia” e “O poço do Visconde”. Em 1.939, além de “O Minotauro”, escreveu o grande sucesso “O Pica-pau Amarelo”.
Em março de 1.941, Monteiro Lobato foi preso por endereçar ao então presidente da República Getúlio Vargas, uma carta criticando arduamente a política brasileira de petróleo.
Em 1.946, ano em que fez a revisão de  suas obras completas (em 13 volumes), mudou-se com a família para Buenos Aires (Argentina) e, em 1.947 retornou ao Brasil, passando a criticar agora o governo Dutra.
Monteiro Lobato, o homem que além de grande escritor foi também fazendeiro, diplomata, empresário, pintor amador, crítico, editor e jornalista, morreu em São Paulo, aos 66 anos, no dia 4 de julho, após sofrer um derrame.

“A pátria é o idioma, e só no idioma pátrio se pode pensar bem e dizer besteira.”
(Monteiro Lobato)

Texto: Renato J. Oliveira             fevereiro de 2.001


(Este texto foi publicado na edição # 14 do Informativo Mix Cultural, lançado em 10 de fevereiro de 2.001)





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