Situado como um dos mais
brilhantes escritores brasileiros (de todos os tempos), em todas as áreas da
Literatura às quais se dedicou, seja no conto, na poesia, no romance, na
crítica ou na crônica, ele não deixou sequer margens para que viessem a
contestá-lo pejorativamente nem hoje e nem amanhã, já que a notoriedade e o
prestígio literários por ele alcançados, poucos escritores obtiveram e só o
fato de tê-los atingido findaria com quaisquer ascensões negativistas sobre sua
tão opulenta obra.
Joaquim Maria Machado de
Assis, filho de Francisco José de Assis e Maria Leopoldina Machado de Assis,
nasceu no Rio de Janeiro, no morro do Livramento.
Seu pai (um pintor) e sua mãe
(uma lavadeira), embora de origens bem modestas, mantinham contatos com várias
pessoas nobres e influentes, o que garantiu ao filho único do casal (outra
filha, vinda ulteriormente, morreria ainda prematura) um padrinho e uma
madrinha de batismo importantes: Joaquim Alberto de Sousa Silveira e Maria José
de Mendonça Barroso (origem do Joaquim Maria em seu nome).
Ainda garoto, Machado de
Assis demonstrara as primeiras crises de epilepsia e os primeiros acessos de
gagueira, com os quais viria a conviver pelo resto da vida.
Também na infância, perdeu a mãe
e após o enlace de seu pai com Maria Inês, a estimada madrasta, passaram a
residir no Bairro São Cristóvão.
Aprendeu a ler com a madrasta e depois de já haver passado pela escola
pública, passou a estudar no colégio onde Maria Inês trabalhava como cozinheira,
logo após a morte de seu pai.
Para auxiliar no orçamento,
Machado de Assis chegou a vender os doces e as balas que sua madrasta fazia e,
voluntariamente (mais para atender às vontades dela), ele também ajudava nas
missas da Igreja de Lampadosa como coroinha.
Garoto inteligente e curioso,
ia constantemente a uma padaria onde a proprietária e o forneiro eram
franceses, propositado a aprender aquele fascinante idioma (mais tarde, isso
seria de fundamental importância para que ele traduzisse Lamartine e Victor
Hugo).
Com 15 anos, em 21 de janeiro
de 1.855, ele tornaria público o primeiro de seus tantos poemas: “Ela”, no
periódico A Marmota Fluminense (de Paula Brito) e em 1.856 começaria a
trabalhar como tipógrafo na Imprensa Nacional, empresa do romancista Manuel
Antônio de Almeida, autor de “Memórias de um sargento de milícias”. Manuel conseguiu captar o brilhantismo
intelectual de Machado de Assis e não o repreendeu ao saber que seu funcionário
costumava conciliar as constantes leituras ao trabalho; ambos até tornaram-se
bons amigos.
A partir de 1.858 passou a
trabalhar como caixeiro e revisor na tipografia de Paula Brito e através de
sucessivas participações em diversos jornais como Correio Mercantil, Jornal das
Famílias, Diário do Rio de Janeiro e Semana Ilustrada (os dois últimos a
convite de Quintino Bocaiúva), seu nome foi ficando cada vez mais conhecido nas
camadas intelectuais, tendo estreado na Literatura em 1.861.
Em 1.864, aos 25 anos,
Machado de Assis publicou seu primeiro livro de versos: “Crisálidas” e em 1.867,
mesmo ano que tornou-se auxiliar na direção do Diário Oficial (na Imprensa
Nacional), ele conheceria o grande amor de sua vida, Carolina Augusta Xavier de
Novais, mulher culta, 31 anos, recém-chegada de Portugal.
Depois de dois anos
resistindo à oposição de parte da família dela que, por ele ser um mulato, não
tolerava a união, Machado de Assis e Carolina casaram-se em 1.869.
Em 1.873 ele foi nomeado
primeiro-oficial da Secretaria de Estado do Ministério da Agricultura e, em 1.881,
tornou-se oficial de gabinete do ministro, traçando o início de sua vida
pública.
Foi condecorado em 1.888 com
a Ordem da Rosa no grau de oficial e em 1.889 foi nomeado diretor da
Diretoria de Comércio, passando ao cargo de diretor-geral de Viação em 1.892 –
onde permaneceu até 1.898.
Com a parceria de
intelectuais da época, ajudou a fundar em 1.897 a Academia Brasileira
de Letras (ABL), da qual foi o primeiro presidente. Pouco tempo depois tornou-se também diretor
da Secretaria da Indústria do Ministério da Viação, transferido mais tarde para
Diretor-geral de Contabilidade.
Em 1.904, Machado de Assis
sofreria o mais duro golpe de sua vida: a companheira Carolina que, em 35 anos
de convivência o auxiliava em tudo, faleceu, deixando-o profundamente
amargurado.
As crises epilépticas
tornaram-se cada vez mais frequentes e, como agravante, as úlceras na língua
(devido às fortes mordidas durante os ataques), tranformaram-se em câncer.
Machado de Assis morreu aos
69 anos, no dia 29 de setembro de 1.908, no Rio de Janeiro.
Sobre sua obra, concentrada
mais no Realismo (embora inicialmente pinçada pelo Romantismo), além dos
célebres “Memórias póstumas de Brás Cubas” de 1.881 e “Dom Casmurro” de 1.900,
destacam-se ainda: “Falenas” (1.870), “Contos fluminenses” (1.870),
“Ressurreição” (1.872), “Histórias da meia-noite” (1.873), “A mão e a luva”
(1.874), “Americanos” (1.875), “Helena” (1.876), “Iaiá Garcia” (1.878), “Papéis
avulsos” (1.882), “Histórias sem data” (1.884), “Quincas Borba” (1.891),
“Várias histórias” (1.896), “Páginas recolhidas” (1.899), “Poesias completas”
(1.901), “Esaú e Jacó” (1.904), “Relíquias de casa velha” (1.906) – o qual
trazia o soneto A Carolina, dedicado à esposa falecida – e “Memorial de Aires”
(1.908).
Texto: Renato J. Oliveira 16 de junho de 2.001
(originalmente publicado no Informativo Mix
Cultural, edição # 33 de 23 de junho de 2.001)
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